Trondheim EMP’s “Poke It With A Stick / Joining The Bots” reviewed by Bodyspace

Percebe-se imediatamente aquilo que nos espera, logo à primeira faixa: ouvem-se vozes, assobios, numa espécie de coro call and response, dialogando ou, melhor ainda, duelando entre si. E depois há saxofones, guitarras, contrabaixos, canto, spoken word sem serem amálgama. Cabe de tudo, porque todas as estradas servem para chegar até ao destino ou, pelo menos, para apreciar a viagem.

Assim é este disco do projecto Trondheim EMP, que na verdade é dois: Poke It With A Stick, experiências atrás de experiências e retalhos atrás de retalhos, e Joining The Bots, que se apresenta mais coeso e definido – a isso atestando, também, o facto de as peças que o compõem serem maiores. A ideia de base de um e outro é, pelo que percebemos, a comunicação entre os músicos presentes, que parecem estar sempre dependentes daquilo que fazem primeiramente os seus colegas – as acções de um influenciam o som de outro, conforme é explicado.

Poke It With A Stick / Joining The Bots são, por isso, uma espécie de diálogos entre o homem e a sua própria sombra; a sombra é forçada a imitar o homem, qual marioneta nas suas mãos, mas: também pode crescer mais que o homem, dobrar-se, esconder-se noutras sombras e escuridões. Tudo isto resulta numa colecção de sons que, individualmente, nada diriam; juntos, formam uma obra bizarra, e extremamente interessante derivado dessa mesma bizarria. A conferir sem medos. Paulo Cecílio

via Bodyspace