“Musicamorosa” reviewed by Distorsom

Autor de um punhado de registos em formato CDR, em nome próprio ou partilhados com outros músicos, Jorge Mantas tem em Musicamorosa o seu verdadeiro álbum de estreia, um trabalho desenvolvido desde 2003 e influenciado por outras artes como a fotografia, o cinema, a pintura e a literatura – os títulos dos temas foram retirados de À Procura do Tempo Perdido de Marcel Proust. Numa mistura quase impossível entre influências antigas e modernas, a exploração do drone foi, desde o início, a sua principal preocupação. O lado “esquizofónico” vem dos field-recordings de interiores, do sampling e da instrumentação acústica, trabalhados em laptop. Com as camadas de som esculpidas em texturas sumptuosas, criam-se ambiências erráticas que trazem à memória o trabalho de William Basinski. Um dos temas, “La Lectrice”, conta com a voz de Cécile Schott – conhecida por Colleen – lendo um trecho de Proust, tal como o título sugere. Quem aprecia ambientalismos electrónicos românticos e épicos pode dar por bem empregue o seu tempo com Musicamorosa, um dos melhores trabalhos até agora editados pela Cronica.

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