“!Siam Acnunâ€, o terceiro CD com carimbo Crónica, é um daqueles discos perdidos num referencial de nomes, momentos e lugares. Não sabemos muito bem de onde surge esta música – sabemos que vem dos lados de Espanha, mas isso nem é muito importante – porque quando começa a “rodar†na aparelhagem ficamos com a noção de que tudo, momentaneamente, fica invertido. Uma possÃvel explicação poderá ser esta: apesar de já contactarmos com o género há alguns anos, nunca, como hoje, se mostrou tão entusiástico em abordar terrenos tão pouco regulares e adventÃcios.
Começando com uma dialéctica que invoca em “nósac†e “oexe ram†uma música mais etérea (?!) e ambiental, recorre depois à s batidas da música de dança, que acabam por conduzir o álbum nos temas que se seguem, para definir uma lógica de disco quase conceptual. E é todo ele uma “paixão pelo laptop e pela tecnologia, paixão e vÃcioâ€. Um magote de colaborações com Montse Rego, Roberto D. Bouzas, Flexo e Horacio G. Grooves, baterias alheias, baixos a marcar a pulsação e demais anagramas que encontram em “rednammocylop†o seu mais perfeito fluir conjunto, mas que chegam a provocar alguma convalescença. “Intelligent Dance Music“, dirão alguns. Os mesmos a que agradará o lado da espontaneidade (isto é, música orgânica) conjugada com “aquele†procurar da fidelidade das patterns que muitas vezes não temos a certeza de alcançar e que, confessemos, também nos agradou.
Mas isto é só a primeira parte, antes (ou se quisermos, depois) de os conteúdos áudio darem lugar aos conteúdos vÃdeo. Aqui é de assinalar a brilhante construção cénica, certamente trabalhosa, da associação som/imagem em “Aispesa Series part. 1†ou da replicação diligente na segunda parte do tema. Igualmente interessantes são os vÃdeos “P____S†(colaboração do colectivo Flexo) e a construção de 38 segundos “Rennacs Rorreâ€.
“!Siam Acnun†é, por tudo isto, essencialmente um disco para compreender melhor os trilhos da música actual e a sua cada vez mais frequente relação com o vÃdeo, mas também para desfrutar (ao contrário de muitos similares) aquilo que se ouve. E claro, para ler ao contrário. 7/10
Tiago Gonçalves