“!Siam Acnun” reviewed by BBC Online

Instead of throwing us head first into a world of sounds we’ve never heard before, Longina’s modus operandi is to take tribal house and deep techno one step further down the rabbit hole; like a fun house mirror, you recognize the image, but it’s not quite what it seems to be.

“Nosac” kicks the CD off with a muted breakbeat and pan delay melody which never seems to come to the forefront. The mix keeps the beat tucked away in a dark corner and never quite lets it out of the shadows.

“Tiwokre” and “Aloiuqru” imagine a Felix Da Housecat or DJ Sneak track ripped apart and then pasted back together with glue that doesn’t quite hold the way it should.

“Oexe Ram” is sultry techno jazz underpinned by a minimalist dub bassline that will stick in your head for days. The atmosphere on this track alone is worth the price of admission.

A lot of Longina’s work has focused on acousmatic music specifically built around surround sound audio for very intimate audiences. This is evident in his songwriting; the devil is in the details. Minute, subtle nuances lurk at the very edge of the stereo spectrum; sometimes a little melody, a little harmonic resonance but something always catches your attention in this little CD, no matter how many times you play it.

Again, it’s refreshing to see that experimental music is really starting to take hold outside of the usual centres of its popularity. !Siam Acnun is a fabulous little peek into a world of experimental electronic music that while relegated to semi-obscurity at the moment, is sure to make an impact in coming days.

Olli Siebelt

“!Siam Acnun” reviewed by Blitz.pt

“!Siam Acnum” é o grito “Nunca Mais!” invertido, dissimulado, mas nem por isso menos forte. Um grito lançado à catástrofe ecológica ocorrida na Galiza com o derrame do “Prestige”. Um grito atirado com toda a fúria da indignação, com toda a calma da razão. Foi, por isso, de diálogos entre o orgânico e o digital, o atmosférico e o pulsativo, que viveu este óptimo concerto.

Sérgio Gomes da Costa

“!Siam Acnun” reviewed by A Puta da Subjectividade

Num movimento de leitura invertida lemos que Nunca Mais! é o título deste disco, tal como num movimento invertido deciframos o nome das faixas que aparentam descender da mesma estirpe louca de Aphex Twin. No entanto, é caso para dizer: !Ossid Adan.

Longina é um galego de nome próprio Chiu, co-fundador do colectivo SINSAL-Áudio que faz parte da mais estreita ligação electrónica entre a Galiza e Portugal, mais propriamente com a nortenha Matéria Prima, tendo vindo a dar origem a vários intercâmbios performativos. A completar um triângulo animado essencialmente por linguagem binária, está a editora Crónica Electrónica que já em 2003 nos presenteou com um dos trabalhos mais interessantes do que nesta área já se fez por cá: falo de Là Où Je Dors, de Pedro Tudela, um conto encantatório pós-moderno que foi composto como banda sonora de uma peça de dança contemporânea idealizada por Isabel Barros.

!Siam Acun não é a valsa robotizada que o membro dos @C concebeu. É um movimento conjunto encarnado num só individuo e numa só máquina, onde sentimos instrumentistas vaporizando o ar com jazz futurista através do dissipador que alivia o processamento, sendo que agora a tecnologia existe em prol de algo menos meditativo, fundindo-se no mesmo comprimento de onda o trabalho e o lazer, a noite durante o dia e o dia durante a noite. Joga-se no desprendimento laboral em pleno emprego com uma piscadela ao tom catedrático de Murcof ou com a mesma vontade de confrontar o superficial e o imenso.

Nesta pequena sinfonia composta ao piano pode-se dançar de olhos fechados em estados de hipnose hormonal via house ou optar por algo mais selectivo como algumas convulsões jazz escavadas no dub; só que esta brotou de um piano digitally yours.

Pedro Torres

“!Siam Acnun” reviewed by Loop

Chiu Longina is from Galicia and is the man behind this proposal in which he combines different rhythms, samples of domestic machinery and noises produced with program audio software. This album was release in April this year [2003] by the Crónica Electrónica label from Porto, Portugal, and is an answer to the ecological damage that produced the tanker of African flag Prestige, on Cies Islands, in the coast of Vigo. That’s why the title of this CD that if you read it the other way around it means “Never More”. Along with Longina, Montse Rego y Roberto D. Bouzas, the collective Flexo and Horacio G. Ifi participate with the visuals and music.

“Nósac” with sample drums is developed on rythmical dub, whereas the registry of an automatic device – that can be a very simple stuff – makes reference to the electroacoustic character of the music of Longina. “Mar exeo” has an interesting game of percussion in which the drums mark a jazz rhythm, next to crafty lines of bass. A processed piano chord and voices and an 4/4 tribal rhythm has an hypnotic effect that it does of “Aloiuqru” and “Tiwokre”, two tracks perfect for the dancefloor [for demanding ears, of course]. The track “Rednammocylop” again has that delicate taste for rhythm, with it redoubles of drums and and randomly beats. This style remembers me of low winding and free percussion to Two Lone Swordsmen at his magnificent “The Fifth Mission” period. Finally in the audio tracks it appears “!Siam Acnun” -that gives title to this album- with hesitating keyboard lines and persistent rhythm. After the audio tracks we have the organic “Aispesa seires part.1” and the minimal “Aispesa Seires part.2”, both in charge of Longina. Flexo is responsable of “P____S” where he plays very sly rhythm and Horacio G.ifi exposes “Rannacs rorre” with schizophrenic game of clicks and noises. This is avant-garde electronic music that proposes a fresh and captivating sound.

Guillermo Escudero

“!Siam Acnun” reviewed by Bodyspace

“!Siam Acnun”, o terceiro CD com carimbo Crónica, é um daqueles discos perdidos num referencial de nomes, momentos e lugares. Não sabemos muito bem de onde surge esta música – sabemos que vem dos lados de Espanha, mas isso nem é muito importante – porque quando começa a “rodar” na aparelhagem ficamos com a noção de que tudo, momentaneamente, fica invertido. Uma possível explicação poderá ser esta: apesar de já contactarmos com o género há alguns anos, nunca, como hoje, se mostrou tão entusiástico em abordar terrenos tão pouco regulares e adventícios.

Começando com uma dialéctica que invoca em “nósac” e “oexe ram” uma música mais etérea (?!) e ambiental, recorre depois às batidas da música de dança, que acabam por conduzir o álbum nos temas que se seguem, para definir uma lógica de disco quase conceptual. E é todo ele uma “paixão pelo laptop e pela tecnologia, paixão e vício”. Um magote de colaborações com Montse Rego, Roberto D. Bouzas, Flexo e Horacio G. Grooves, baterias alheias, baixos a marcar a pulsação e demais anagramas que encontram em “rednammocylop” o seu mais perfeito fluir conjunto, mas que chegam a provocar alguma convalescença. “Intelligent Dance Music“, dirão alguns. Os mesmos a que agradará o lado da espontaneidade (isto é, música orgânica) conjugada com “aquele” procurar da fidelidade das patterns que muitas vezes não temos a certeza de alcançar e que, confessemos, também nos agradou.

Mas isto é só a primeira parte, antes (ou se quisermos, depois) de os conteúdos áudio darem lugar aos conteúdos vídeo. Aqui é de assinalar a brilhante construção cénica, certamente trabalhosa, da associação som/imagem em “Aispesa Series part. 1” ou da replicação diligente na segunda parte do tema. Igualmente interessantes são os vídeos “P____S” (colaboração do colectivo Flexo) e a construção de 38 segundos “Rennacs Rorre”.

“!Siam Acnun” é, por tudo isto, essencialmente um disco para compreender melhor os trilhos da música actual e a sua cada vez mais frequente relação com o vídeo, mas também para desfrutar (ao contrário de muitos similares) aquilo que se ouve. E claro, para ler ao contrário. 7/10

Tiago Gonçalves

“!Siam Acnun” reviewed by Blitz

Como num passeio despreocupado à beira-esgoto, Siam Acnun! Faz-se ouvir com aparência de leveza, chegando ao extremo de ter momentos de pura cocktail party. Os sorrisos jazzy tilintam, o groove insinua-se, a sedução cobreia. É como se se abrissem clareiras de despreocupação entre o petróleo – numa ironia discreta semelhante à de Jaques Tati. Pode ouvir-se qualquer tensão, entre um copo e outro, nas imediações da dança. Distila-se, e de certa forma exorciza-se, a raiva num compromisso entre o orgânico e o digital, tal como esse acordo forçado que o petróleo vai estabelecendo com a areia e os ecossistemas – onde começa um e acabam os outros? 7/10

Ségio Gomes da Costa

“!Siam Acnun” reviewed by Y

Algumas fórmulas rítmicas semelhantes às dos @C, mas recuperando o “groove” com patas de insecto de Victor Nubla sob a designação Xjacks, o “swing” dinossáurico, terrivelmente aditivo, dos Esplendor Geométrico ou o minimalismo dos Rechenzentrum. Baixo de jazz moribundo, piano-anagramas, binários de tribos perdidas, cortam as batidas daquela que, das quatro, será a crónica mais perto de se poder dançar mas também a que mais se aproxima de alguns estereótipos do género. Aprovado para sessões de terapia de hipnose de regressão. 7|10

Fernando Magalhães

“La Strada is on Fire (And We Are All Naked)” reviewed by Blitz

Há títulos que se apossam das obras que nomeiam. Tornam-se guardiões, mediadores e senhores do seu conteúdo. É preciso ceder à sua chantagem,é inevitável que se lhes obedeça. Esforço inútil, porque jamais conseguiremos ver-nos livres da sua presença. Muito menos quando um título tem um poder tão evocativo quanto La Strada Is On Fire (And We Are All Naked). É preciso dize-lo: este título é um prodígio. Tem o equilíbrio necessário entre o poético, o absurdo e o visual. É um daqueles títulos de que nos vamos lembrar para o resto das nossas vidas. Não interessa se era essa a intenção do seu autor, mas a este que vos escreve lembra uma clássica fotografia tirada no Vietname, com uma criança a correr em lágrimas, nua, fugindo do bombardeamento americano à sua aldeia.

Isso e, claro, Fellini, numa intromissão absurda mas nem por isso menos pertinente.

É, portanto, difícil ouvir este disco sem lembrar o seu título. É difícil percorrer o seu terreno sem pressentir a chama azul, quase invisível, que o queima. Não se pode dizer que arrepie, transforma antes a pele em prata esvoaçante. Vêmo-la a tornar-se fuligem cromada, a desaparecer na contra-luz digital. Ouvem-se, a espaços, um piano, saxofones, um baixo e vozes, ensaiando odes, saindo-lhes lamentos desajeitados, comprometidos – conseguem mais depressa ser espectros de monólogos a quererem fugir do palco. Quando bem usado, o napalm até a luz queima. Um dano colateral, tal como o obtido com o título deste disco.. 7/10

Sérgio Gomes da Costa

“La Strada is on Fire (And We Are All Naked)” reviewed by Bodyspace

A música recorre a um complexo jogo de formas sonoras, onde os saxofones desempenham um papel meritório na construção de ambientes nebulosos, que podiam encaixar perfeitamente em esferas de pânico ao mais nobre estilo suspense digital. O álbum ajusta-se à coerência da editora, englobando música abstracta, pensativa e recolhida, deslumbrada com a manipulação e apaixonada pela técnica, embora traga consigo grandes problemas de concentração e apreensão ao ouvinte mais desatento e desprevenido. Dado o facto de este ser um tipo de ambientes que exige um suporte e contextualização, sob pena de se perder pura e simplesmente o fio à meada, o título do disco acaba por sugerir quase uma ideia de craveira a seguir, para que os sons que ouvimos tenham de facto um sentido. A envolvência chega a ser doentia, de retoques frívolos num caminho pós-incêndio que se estatela a nossos pés. Dispensando títulos nas faixas e contando com a colaboração de Martin Archer, Rodrigo Amado, Victor Coimbra e Mariana F, podemos ainda encontrar trechos de um discurso de Bill Clinton e sons de anúncios de televisão.

A existência de uma componente vídeo volta a ser uma característica a assinalar da chancela Crónica. Desta feita é apresentada uma composição de título “La Strada is on Fire” (único tema com nome), que recorre a um estilo muito característico dos artistas com base electrónica. Confuso, mas decididamente interessante.

Como se a estrada ardesse mesmo à nossa frente, e nós estivéssemos desprevenidos com tamanho susto. Sem protecção, amparo ou abrigo, despidos de uma crueza que nos coloca perante um acto eminentemente perigoso. Não que não gostemos de passar por esta situação algumas vezes, mas é levada aqui a um ponto que deixa qualquer pessoa, no mínimo, desamparada. 7/10

Tiago Gonçalves

“La Strada is on Fire (And We Are All Naked)” reviewed by Y

Ainda a electrónica como máquina de sonhos fabricados a partir de recortes da realidade mesmo que a “realidade” não seja mais do que a fenomenologia de um mundo “exterior” que nos é vedado. A estrada está a arder mas não nos damos conta. E Vítor Joaquim filma o vazio do pós-incêndio. Os saxofones conferem uma nota de psicadelismo-etno e “alien jazz” a uma música que ocasionalmente evoca os SPK na sua vertente mais ritual. Aprovado como banda-sonora de um “peep show” para o pós-Apocalipse. 8|10

Fernando Magalhães