“Two Novels: Gaze / In the Cochlea” reviewed by Time Off

When Keiko Uenishi came to visit us here in Australia as part of the What Is Music? festival in 2002, she delivered some amazingly intricate sets of processed electronics. Her sensibilities, facilitated through the use of the LLOOPP MAX/MSP software generated a gentle but directed sound excursion that engages with its listener in a strange and hypnotic fashion.

On Two Novels she takes us through a tour of the projects and collaborations that have dotted her music creation over the past few years. Located in Brooklyn, Keiko calls in collaborators such as Toshio Kajiwara and DJ Olive, Kaffe Matthews, Ikue Mori and others. These collaborations reveal the qualities of O.Blaat’s work with enlightening truthfulness. Attentive to the smallest of sounds, her knowledge and comfort-level using LLOOPP produces a fluid and suggestive production aesthetic, captured well on pieces like ‘Afternoon’ (featuring contributions from Aki Onda) and ‘Nightfall’.

As each of these audio-novellas play out, you’re left hungry for a repeated session, curious to see if more boils away just below the volume level of your previous listen. It’s been a while coming, but the wait seems well worth it!

Lawrence English

“Two Novels: Gaze / In the Cochlea” reviewed by Bodyspace

É agachado e de braços estendidos que procedo a esta resenha. O corpo aponta para o Porto, pois é lá que está sediada a Crónica – exemplar impulsionadora de electrónica de vanguarda que, a cada lançamento, nunca garante menos que um experiência única armazenada em invólucro de refinado requinte gráfico. Geralmente, grande parte do que aqui se estranha progressivamente se entranha. Entenda-se cada nova adição ao catálogo da Crónica como um esclarecedor fascículo pertencente à grandiosa colecção “Tudo o que preciso de conhecer para melhor assimilar o que aí vem”. Tal como qualquer junção aleatória de “blips” e “cracks” não constitui Avant-Garde de qualidade, também muita da nova electrónica não chega a ser aconselhável. Pois fiquem descansados, meus caros leitores, porque o produto da Crónica merece o título de nova tendência por excelência. Ao tradicional “a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha” contraponha-se um provérbio de recurso: “da electrónica que é nossa ninguém faz troça”. Bem sei que alguns dos contribuidores são estrangeiros mas – fala o bairrismo – o quartel é lusitano!

O.Blaat (Keiko Uenishi de baptismo) faz do seu minimalismo de redoma um tubo de ensaio cosmopolita ao qual todos os intervenientes podem juntar a sua fórmula. A equipa de especialistas é de primeira linha: entre muitos outros, Kaffe Matthews, dj Olive e o violinista Eyvind Kang (que ainda este ano tivemos a oportunidade de ver ao vivo na Aula Magna pela mão dos Fantômas). Inspirada pelos ruídos em estado bruto absorvidos a um qualquer apartamento de Brooklyn(onde mora actualmente), o.blaat tece o seu manto de herméticas variantes do nada. Two novels, dividido entre Gaze e In the colchea, é uma objecto conceptual dois-em-um. É, além disso, um imponente tratado de “storytelling” abstracto e corcunda, no sentido de ser imperfeito e simultaneamente dócil.

Gaze lança no ar oito pétalas potencialmente acusmáticas que acabarão por adormecer no esplendor da relva. “One morning” é imparavelmente epiléptico. Galopam a trote as texturas ruidosas que convergem em uníssono. Baralham-se os sentidos enquanto o pólen se espalha. “Egg salad sandwich” é, tal como nome indica, um denso equívoco de múltiplos ruídos misturados numa salada confeccionada ao ritmo alucinante da montagem de “Requiem for a dream – A vida não é um sonho”. No seu enquadramento esférico, “Gone fishing” serve de genérico à “Quinta das electricidades”, onde o. blaat e DJ Olive expõem o resultado da sinergia entre frequências intermitentes e aquilo que parece ser o grunhido de um porco.

Por meio de meticuloso arbítrio da estática e suiça cronometragem do tempo a ceder a textura y ou x, o.blaat ensaia as suas micro-narrativas na senda de uma realidade oblíqua onde o mascar do caruncho prepondera ao rosnar do leão. Todos estes são ínfimos fenómenos da zoologia e botânica que, observados à lupa, servem de fotossíntese a esta orquídea digital.

Destinado a ser auscultado em vez de escutado a ouvido nu, In the colchea desafia a convenção de um John(Lennon)(imortalizada nas palavras “Say what you mean, make it rhyme, and put a beat to it”) em favor da de outro(Cale), que nega a existência do silêncio. Sucedem-se logicamente nove exercícios onde a cacofonia (oiça-se “Eight-o) e os extremos são agentes de um objecto que procura estimular o aparelho auditivo (podendo até feri-lo se escutados acima de determinado volume), e consegue-o plenamente.

Escutar Two novels:Gaze/In the colchea é como levar a cabo um jogo de Mikado cerebral que opõe os nossos sentidos à imaginação de o.blaat. A cada pauzinho cuidadosamente retirado, mais uma porção de um imaginário que não se dispõe a diagnósticos concretos. Desabrochou uma linda flor no jardim da nova electrónica.

Miguel Arsénio

“Still Important Somekind Not Normally Seen (Always Not Unfinished)” reviewed by Paris Transatlantic

Björgúlfsson / Pimmon / Thorsson sounds like a bit of a mouthful, and so does the title of their album Still Important Somekind Not Normally Seen (Always Not Unfinished). Heimir Björgúlfsson and Helgi Thorsson, formerly of the group Stilluppsteypa (whatever happened to Stilluppsteypa?) teamed up with Australia’s Paul Gough, aka Pimmon (whatever happened to Pimmon?) for a couple of live dates at De Melkfabriek in Den Bosch (Netherlands) on October 5th and 6th 2002, the recordings of which were subsequently reconfigured and mixed a couple of months later by Main’s Robert Hampson in his Thirst studios. Not that the result sounds anything like Main, though. It’s a strange Cageian soup kitchen of an album, as colourful and confusing as the lollipops, stripy ties and drooling tigers of Thorsson’s artwork, and similarly haunting. Track seven has been locked on repeat play here for the past half hour and it’s still grooving. We might know where these characters are coming from, but it’s hard to figure out where they’re heading. Tag along for the ride, though. One thing is for sure: “when in Den Bosch, Björgúlfsson / Pimmon / Thorsson ALWAYS stay at the Golden Tulip.” It says here. So now you know.

DW

“Still Important Somekind Not Normally Seen (Always Not Unfinished)” reviewed by Underground Society

C’est dans un emballage bizarre que le label Cronica nous fait découvrir un document sonore auditif de trois auteur s/ dj. Tout est passé en revue dans ce live monstrueux, pour faire danser le public avec des fréquences digitales, du sample ou des rythmes minimalistes. On reste médusé par la cohérence qu’ont Heimir Björgúlfsson, Helgi Thorsson et Paul Gough d’assembler toutes ces parties pour créer des textures sonores rigides. Une performance de cette trempe, qui reste homogène et jamais agressive, trouve sur le Cd, un témoignage unique pour garder à tout jamais, l’art subtile et créatif de ces trois compositeurs au talent énorme. A découvrir.

Philippe Duarte

“Still Important Somekind Not Normally Seen (Always Not Unfinished)” reviewed by Friend of Devils

This is a live collaboration that sees Iceland’s Bjorgulfsson and Thorsson (ex- Stilluppsteypa) glitching out with Pimmon; then letting Robert Hampson edit the subtle mayhem into nine tracks of divisive ambience. Processed sounds of the laptop generation collide with delicate beats and discordant noise to present a journey that is fun to travel on but without going anywhere. This CD seems to be about digital trickery devoid of emotional content, and it’s cold atmosphere lends itself to the genre. But you’ll struggle to listen to this more than a few times simply because of it’s suffocated dynamics.

“Two Novels: Gaze / In the Cochlea” reviewed by Jade

O. BLAAT a su déployer une stratégie de la disparition, une conduite de la dissimulation et ce, en laissant un monde microscopique de sons, d’échos, de formes sonores proliférer sur la maille translucide de ses compositions. Des soundscapes indicibles, des clichés sonores, des concentrés de vie et d’environnement, qui s’appuient sur l’utilisation du laptop, méta-instrument s’il en est.. La translucidité de ses compositions n’empêche pas une certaine ludicité comme ce fut le cas sur ses précédents travaux, tel que “beat piece ” construit autour de samples de ping-pong. Dans cette optique c’est aussi dans l’échange, dans l’interface et les collaborations que O. Blaat trouve son équilibre ; on pense à Akio Mokuno, Aki Onda, Ikue Mori, DJ Olive, Kaffe Mattews, Sachico M, Zeena Parkins, pour n’en citer que peu. Les compositions naviguent dans un chenal étroit entre terre et mer. Les alluvions de rythmes viennent doucement tapisser le fond de la mélodie, les flux de samples irritent les berges d’aspérités numériques alors que des petits brouillards de couches électriques saturent l’air d’humidité. Helen Cho vient sertir de sa vidéo les 18 gemmes sonores de la Japonaise. Un prolongement en mouvement de l’esthétique de Keiko Uenishi.

Julien Jaffré

“Still Important Somekind Not Normally Seen (Always Not Unfinished)” reviewed by Facteur 4

L’excellent label portugais Crònica nous donne encore de ses (bonnes) nouvelles avec ce disque au titre et à la pochette fleuris. Mais attention : de derrière les fleurs peut surgir un monstre ambigu et cauchemardesque, voire une cravate et une sucette…Alors méfiance. Alerte aux sens.

Le trio est une formule qui renvoie peut-être inconsciemment au socle du rock : guitare, basse, batterie. Mais ici, de ces vieilleries il n’est point question. C’est le laptop qui sera l’outil de chacun des trois protagonistes de cet enregistrement. Et que nous donnent à voir cette trinité notoire – si l’australien Pimmon n’est plus à présenter, les deux autres noms islandais nous sont moins familiers : il s’agit de deux des membres de Silluppsteypa, entre autres collaborations et alias – avec ces largesses électro-numériques ? Neuf (trois x trois) morceaux de temps où viennent s’entrechoquer dans un chaos tour à tour fébrile, vaporeux, avide et éloquent, des fantômes de disques durs, des drones hors d’haleine, des rythmiques sèches ou aliénées, des hoquets robotiques, des rugissements numériques, des grésillements magnétiques, des samples ayant perdu la raison,et bien d’autres folies encore.

L’expérimentation électronique axée sur l’entremêlement des manipulations soniques des trois compères est ici la matière d’une performance réalisée en octobre 2002, à la Melkfabriek (Den Bosch). Les neuf épisodes qui la composent résultent de la conversion spontanée des pulsions des artistes – violentes, empathiques, autistiques, mélodiques – en un ensemble de codages audibles et sensitifs, véritable transfuge de nos plus inconscientes pensées : chaque tirade nous renvoie à notre propre rapport au son et à sa perception en tant que pure vibration, en tant que vecteur d’émotion. La complexité de la beauté même qui émane de ce travail ni trop abstrait, ni trop simplet, tend à nous faire revenir périodiquement à l’écoute inépuisable de ce disque à la fois évident et singulier.

Sylvain Gauthier

“Two Novels: Gaze / In the Cochlea” reviewed by Sands

Recensendo il precedente CD della Crónica mi rammaricavo per l’occasione sprecata, ma con la certezza che presto si sarebbe presentata una nuova opportunità e l’etichetta non avrebbe sicuramente fallito il colpo. Ecco che la previsione, puntualmente, si avvera, ma con questo non mi sento affatto un mago poiché, visto il crescendo qualitativo proposto in pochi mesi di vita dal marchio lusitano, si trattava di un pronostico piuttosto scontato. Quello che non era scontato, invece, è il come e il chi, sarebbe stato infatti impossibile, se non sbirciando nel sito ufficiale, prevedere che nei piani futuri della Crónica ci sarebbe stato il disco d’esordio della giapponese Keiko Uenishi, in arte o.blaat, che vive a New York ed è già un piccolo mito all’interno della scena downtown. Ecco il solito esagerato, penserete, e invece no, proprio di un piccolo mito si tratta. Quanti possono vantare un disco d’esordio con ospiti d’eccezione come quelli che vedete riportati qua sopra. E quanti possono vantare un disco d’esordio la cui presentazione viene firmata niente poco di meno che da Christian Marclay. Già dalle premesse, quindi, si tratta di un piccolo evento. Ma accanto all’evento, è questo che conta, c’è anche la sostanza e “Two Novels” è un gioiello di impenetrabile limpidezza. Il disco è diviso in due suite, entrambe composte da nove frammenti, dove si fa trait d’union fra le possibili ascendenze di Uenishi: il suono Mego, la scena newyorchese, l’elettro-elettronica giapponese. I vari ospiti sono dislocati, mai più di uno per frammento, nella prima suite, mentre nella seconda Uenishi fa tutto da se. Quindi, affatto logico, abbiamo una prima parte più eterogenea ed una seconda parte più omogenea. In Gaze la giapponese si cala splendidamente in un mood da grande mela, con tutto quello che ci sta dietro, e danza da buona ballerina* all’interno di un modello così policromo. Gli stimoli di Gaze sono gli stessi che hanno già reso pregnanti alcuni progetti di John Zorn, soprattutto le colonne sonore, oppure che hanno dato i natali alla scena illbient o, ancor prima, alla no wave, e indietro fino all’oscura presenza della Femme Fatale, del Black Angel e della Venere in pelliccia. Tutto quanto viene però rivisto attraverso il disincanto e la poetica freschezza di un’ottica oriental-femminile. Il ritmo frigido di One Morning, con la Matthews, apre su ‘una giornata’ prodiga di sorprese, con le atmosfere animalesche di Gone Fishing, create da uno splendido dj Olive, e le oscure melodie di Hanging Sky e Froid, con una freschezza che non viene meno neppure quando, come avviene negli ultimi due titoli citati, la costruzione sonora volge verso motivi indubbiamente già sentiti. La seconda parte del CD è meno spettacolare ma ancor più stupefacente nel rivelare una musicista già in grado di elaborare superbe tessiture, anche quando vengono meno le collaborazioni che impreziosiscono l’altro ‘lato’ del disco. Si tratta di un mood più viennese, e più nipponico, con o.blaat intenta, come scrive Marclay nelle note di copertina, ad esaminare i suoni al microscopio. Sembra facile ipotizzare per Uenishi un brillante futuro, ma non aspettate quel giorno per fare la sua conoscenza… giacché “Two Novels” è già qui, splendido dato di fatto, che aspetta.

(*) Uenishi si è trasferita dal Giappone agli USA con l’intento di per studiare tip tap.

e.g.

“Still Important Somekind Not Normally Seen (Always Not Unfinished)” reviewed by Funprox

Microtonal composers Heimir Bjorgulfsson, Helgi Thorsson (both of Stilluppsteypa) and Pimmon performed at the Melkfabriek in Den Bosch and recorded this CD, which is their live set. The sound got edited by Robert Hampson (Main).

The CD contains a mix between microtonal noise, clicks and drones, and sporadic electronic beats. This combination works really well and can be compared to some of the releases on Raster Noton or Mille Plateaux/Ritornell, although this is far more experimental. The style and atmosphere are quite weird, but also very interesting to listen to.

TD

“Two Novels: Gaze / In the Cochlea” reviewed by Blitz

(…) Kaffe Matthews, DJ Olive e Ikue Mori, entre outros, colaboram em faixas de Gaze. Estão lá, mas invisíveis. Contudo, são presenças essenciais, porque é essencial este processo de falsa neutralização. Note-se que os nomes se mantêm, assim como o da própria o.blaat, porque à invisibilidade está inerente a presença. Gaze é, portanto, um conjunto de reflexões informais sobre modos de o som se fingir estéril. Numa primeira abordagem pode parecer difícil, mas a persistência traz compensações – é só reordenar a ordem de fruição dos sentidos.

Sérgio Gomes da Costa